R$ 100 mil: clientes de escritório de advocacia de Pará de Minas têm perdas milionárias com golpe do falso advogado

O número de vítimas do golpe do falso advogado tem crescido de forma alarmante em Pará de Minas. 

A prática criminosa, que já preocupa autoridades e advogados da cidade, consiste na atuação de estelionatários que se passam por profissionais da área jurídica para enganar clientes e desviar dinheiro.

A dinâmica do golpe geralmente começa com o contato direto com a vítima por WhatsApp.

Os golpistas se identificam como advogados da vítima, usando, inclusive, a mesma foto de perfil do verdadeiro profissional e, com linguagem técnica e persuasiva, convencem os alvos a realizar depósitos bancários sob o pretexto de custas processuais, honorários ou supostas “urgências judiciais”.

“Os processos, em regra, são públicos, ou seja, as pessoas conseguem acessar os processos. O que esses golpistas estão fazendo? Eles pegam um (número) de OAB de algum advogado numa lista, jogam no sistema do tribunal e baixam todos os processos dele. Começam a entrar em contato com os clientes, porque tem os dados dos clientes no processo, se passando por esses advogados, e passam a pedir valores, dizem que as pessoas ganharam o processo e para isso elas precisam pagar alguma taxa, pagar algum imposto,  varia bastante a desculpa que eles utilizam. Muitas pessoas acabam caindo nesse golpe”, disse Victor Marinho, advogado e sócio-proprietário do escritório Marinho & Rodrigues Sociedade de Advogados.

Ao portaldivera.com, Victor informou que nos últimos 15 dias vários clientes foram vítimas do golpe. O prejuízo, somado, ultrapassa R$ 100 mil. Em apenas um dos casos, o cliente perdeu R$ 40 mil.

“Esse golpe já vem acontecendo há algum tempo, eu diria mais de um ano, mas nas últimas duas semanas pelo menos a gente conseguiu contabilizar aqui no escritório que clientes chegaram a perder mais de R$ 100 mil somados, vários clientes diferentes. Então parece que ele está super em alta e a gente até já chegou a ver alguma coisa que está havendo vazamento de dados de advogados”, disse.

Golpistas profissionais

Segundo o advogado, os golpistas estão cada vez mais especialistas na prática criminosa. Eles utilizam de todas as ferramentas para passar veracidade no golpe.

Em um dos casos, por exemplo, os golpistas fizeram até ligação de vídeo com a vítima.

“Tem um caso que me chamou muita atenção, que eles entraram em contato com o cliente como se fosse algum advogado do escritório, e eles falaram ‘olha, sou seu advogado e você ganhou, e agora um rapaz do STJ vai entrar em contato com você, vai fazer uma chamada de vídeo para poder fazer a biometria facial e poder te repassar esse valor’. E aí uma outra pessoa entra em contato, faz ligação de vídeo e começa a pedir esses valores, falar que a pessoa tem que pagar alguma taxa. Esse me chamou muita atenção, porque você vê que é um golpe mais elaborado. E teve um outro, que um cliente chegou a sair de uma cidade e foi até outra, foi na agência da Caixa, liberou o dispositivo dele para o golpista entrar na conta e limpar todos os valores que ele tinha à disposição”, contou Victor Marinho.

Desconfie de números desconhecidos

Na maioria dos casos, os golpistas entraram em contato por um número no WhatsApp com o DDD 37.

Victor Marinho orienta que as pessoas salvem os contatos dos advogados ou escritórios contratados e desconfiem de números desconhecidos.

“Sempre manter o contato pelos números oficiais do escritório que você contratou, do advogado que você contratou. Se algum número diferente entrou em contato com você, nunca faça nenhum tipo de pagamento para ele, confirme com o número que você já tem em salvo. Isso é primordial”, disse.

“Igual ao nosso escritório, a gente tem a API oficial do WhatsApp, tem o selo de verificado do nosso WhatsApp, justamente para trazer essa segurança para os clientes, mas mesmo alguns ainda acabam caindo, justamente porque esses golpistas são muito bons, eles sabem como fazer as pessoas realizarem esses pagamentos, usando ali de gatilhos, de urgência, e falando que se a pessoa não paga naquele momento, talvez ela não receba o valor”, completou.