Adquirida por quase R$ 2 milhões em 2022, a usina de asfalto, também conhecida como usina fixa, virou uma dor de cabeça para a Prefeitura de Pará de Minas.
Exposta à época em frente à sede do Executivo, na praça Afonso Pena, o equipamento hoje está parado em um galpão na rua Perdizes, no bairro JK, sem qualquer operação ou planos para entrar em funcionamento.
Em entrevista exclusiva ao portaldivera.com, o prefeito Inácio Franco, que atua no ramo de pavimentação asfáltica há mais de 40 anos, disse que a usina é inviável financeiramente para o Município por falta de demanda e custos elevados de operação.
“Parece que ela roda 80 toneladas por hora. É uma usina bem robusta. Agora, é antieconômica para um município rodar essa usina. (...) o Município como Pará de Minas não tem, tecnicamente, não tem condição de rodar uma usina de asfalto. Nem se fosse 20, 30 toneladas. Para rodar uma usina de asfalto, depende de muita coisa. Primeiro, o pessoal técnico. Precisa de muita gente para poder rodar uma usina de asfalto. Segundo lugar, colocaram a usina também no lugar que tem muitas casas próximas. Então, tem muita poluição. Terceiro, é inviável essa fabricação de asfalto”, destacou Inácio Franco.
Na época que foi adquirida, a prefeitura informou que a usina tinha capacidade de produção de 20 toneladas de asfalto por hora, possuindo tanques, silos, câmaras de exaustão e combustão, além de equipamentos exigidos pelos órgãos reguladores de normas técnicas e de trânsito.
“Para se ter uma ideia, Betim não tem usina de asfalto, Contagem não tem usina de asfalto, Belo Horizonte não tem usina de asfalto. É tudo terceirizado. Para funcionar uma usina de asfalto, tem que ter demanda”, afirmou o gestor.
Inácio Franco também anunciou que a usina não foi manuseada corretamente e, agora, é preciso uma engenharia para solucionar o que foi feito inadequadamente.
“Sujaram a usina. Rodaram com ela, parece que quatro caminhões de asfalto. Só para falar que funcionou a usina. Com isso, a massa, muita gente fala que é o piche, ficou dentro da usina e, quando esfria, você precisa de um aquecimento de mais de quase 200 graus para poder aquecer aquilo para ser diluído”, informou.
Ainda durante a entrevista, o prefeito admitiu que esse é um problema que ele não sabe como resolver.
“Eu não sei o que fazer com ela. Com toda clareza. (...) Fazer o quê? Vender? Uma usina que era novinha, já não é novinha mais. Eu vendo, depois fala que está desfazendo do bem público. Então, a intenção é o seguinte, é proteger aquilo que está lá. Já mandei cobrir para proteger e vamos ver para o futuro. Como eu falei, é antieconômico para o Município rodar essa usina de asfalto. Isso aí é ilusão”, frisou Inácio Franco.
Em 2022, a prefeitura anunciou a compra de quatro equipamentos para asfaltamento de estradas na área urbana e rural.
Além da usina fixa, comprada por R$ 1.927.666,67, também foram adquiridos:
O então prefeito Elias Diniz disse, na época, que a expectativa inicial era de que 50 km de vias públicas urbanas, em diversos bairros, e outros 50 km de estradas rurais, em todas as regiões do Município, fossem asfaltados.
Inácio Franco também confirmou que pretende utilizar a unidade de micropavimentação, revitalizando o asfalto já existente.
“Parece que utilizou também uma vez. Mas esse equipamento eu vou utilizar aqui. Esse equipamento é de microrrevestimento. É uma revitalização do asfalto existente. Nós vamos utilizar. Não é em qualquer via pública. Tem que ser via pública que não tem muita manobra de caminhões”, anunciou.