O crítico de teatro e pesquisador Guilherme Diniz, natural de Pará de Mina, doou exemplares do livro “Comicidade e Palhaçarias Negras” à Biblioteca Pública Municipal Professor Mello Cançado.
Ele é o autor de um dos capítulos dedicados à trajetória do palhaço paraminense Benjamin de Oliveira, que vem ganhando cada vez mais reconhecimento nas comunidades artísticas e acadêmicas do município.
Segundo Guilherme, o livro é muito importante para compreender a presença da influência do artista nas diversas linguagens artísticas da atualidade.
“Esse é um livro muito especial, porque ele vai pensar e estudar como o legado e a memória de Benjamin de Oliveira, multiartista, que transitou por diversas linguagens cênicas e musicais, como que esse legado vasto e complexo está presente na atualidade, de que maneira a sua trajetória profissional inspira na atualidade outros artistas, através dos seus textos, da sua imagem ou criações circenses”, conta.
Guilherme explica que em seu capítulo no livro, ele estuda a trajetória de Benjamin e quais iniciativas são criadas na cidade na tentativa de valorizar o patrimônio deixado pelo artista.
“O meu capítulo se debruça sobre a memória e a história de Benjamin de Oliveira na cidade, quais projetos, ações e iniciativas a cidade desenvolveu para relembrar e difundir a imagem e a trajetória de Benjamin?”, comenta.
A conclusão formada por Guilherme para a pergunta é que mesmo em meio a dificuldades, a cidade conseguiu caminhar e fazer com que a imagem de Benjamin se tornasse mais presente, principalmente pela criação de uma escola de teatro que leva o nome do artista.
“Do final dos anos 90 pra cá, a gente conseguiu caminhar, tornando a imagem de Benjamin mais presente, por exemplo, hoje nós temos uma escola municipal de teatro que enaltece o nome dele, isso há tempos atrás era quase inconcebível, ou seja, não se tinha o Benjamin de Oliveira tão sólido, tão completo, tão presente no horizonte artístico da cidade”, conta.
Guilherme ainda reforça que Benjamin foi um artista que conseguiu trabalhar com linguagens artísticas muito distintas e que apesar de sua história ter sido muitas vezes apagada e esquecida ao longo do tempo, artistas locais e nacionais se inspiram em suas criações para desenvolver produtos artísticos.
“Eu analiso essa trajetória toda, como que a gente saiu de um apagamento, de um esquecimento muito arraigados, para o momento em que a gente tem legislações, criações artísticas, por exemplo do Rony Morais, Wendel Guilherme, Gustavo Coelho, artista circenses e teatrais de Pará de Minas que relembram esse legado de Benjamin e criam também performances e trabalhos a partir também de seus ensinamentos”, conta.
“Eu comecei a fazer teatro muito jovem aqui, a Isabel Faria, nossa atual secretária, foi minha primeira professora de teatro, aos 8 anos e de lá pra cá eu não parei mais, atualmente eu desenvolvo uma pesquisa de doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais, estudando a história da presença negra no teatro brasileiro e venho como crítico teatral, percorrendo com muita felicidade e a partir também dos ensinamentos daqui alguns dos festivais mais importantes do país”, comenta Guilherme Diniz.
Ela ainda destaca que participou como jurado do Prêmio Shell de Teatro, considerado um dos mais importantes do país, e que também já foi gerente do Teatro Municipal de Pará de Minas.
Guilherme finaliza contando a importância do legado e da história que adquiriu e presenciou na cidade.
“Eu levo todo esse legado e ensinamento comigo, eu estou circulando, mas Pará de Minas está sempre comigo e eu sempre tenho o prazer e a felicidade de voltar pra cá, que é a minha terra”, conta.