Durante reunião dos vereadores nesta terça-feira (1/4), a cabeleireira Ana Luísa Costa Mendonça usou a tribuna para expor insatisfação e dúvidas sobre o processo de tombamento da casa onde Padre Libério morou em Pará de Minas, no bairro Nossa Senhora das Graças.
Junto com a mãe e uma irmã, Ana Luísa mora no imóvel há mais de dez anos e diz que ficou sabendo do tombamento através da imprensa.
Ela alegou que, em nenhum momento, antes e depois do tombamento, foi procurada pelo Poder Público, seja através da prefeitura ou do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural, para tratar das informações referentes ao procedimento.
“Nada desse passo a passo, desse trâmite, foi informado para os moradores. Eu acho uma grande falta de respeito e empatia com quem vive e com quem zela pela casa, afinal, se a gente está ali cuidando e zelando eu acho que deveria ter tido a consideração de chegar e informar tudo que estava acontecendo”, desabafou a cabeleireira.
Durante uso da tribuna, o vereador Vinícius Alves disse que a notificação sobre o tombamento foi realizada e entregue à pessoa cujo nome consta na matrícula do imóvel.
Essa pessoa é o tio de Ana Luísa que mora em Belo Horizonte. Ele assinou a notificação, porém, Ana acredita que ele não entendeu do que se tratava de fato o procedimento.
“Ele ficou perdido. Imagina, eu que moro aqui em Pará de Minas já fiquei super perdida com todo esse assunto, com toda essa história. Vamos nos colocar no lugar dele que mora há 70 quilômetros daqui”, disse.
Ana Luísa deixou bem claro que ela e a família não são contra o tombamento da casa. Pelo contrário, eles são devotos de Padre Libério, inclusive, sua avó, Dona Terezinha, cuidou de Padre Libério por muitos anos enquanto ele viveu em Pará de Minas.
Porém, ela quer que o processo seja justo para os dois lados.
“A gente sempre quis cooperar com esse tombamento desde que fosse feito de forma benéfica para ambas as partes e que fosse feito de forma amigável”, afirmou Ana Luísa.
A família pode continuar morando na casa mesmo após o tombamento, porém, existe a possibilidade da desapropriação, ou seja, a compra do imóvel por parte da Prefeitura de Pará de Minas.
O valor estimado, inicialmente, seria de R$ 350 mil, número que a família de Ana Luísa considera baixo.
“Como a gente mora no bairro a vida inteira a gente sabe noção de valor de lote e lote e casa, e esse valor oferecido pela prefeitura é quase 3 vezes abaixo do valor válido. A gente não concorda com esse valor. A gente precisa adquirir um outro imóvel para morar”, destacou.
O portaldivera.com procurou o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural para um posicionamento sobre as falas de Ana Luísa. A informação recebida é que a resposta será dada através de uma nota encaminhada pela assessoria de comunicação da Prefeitura de Pará de Minas.
O espaço segue aberto para os esclarecimentos.
No último dia 27 de março, foi publicado no Diário Oficial do Município o Decreto 13.932/2025, que homologa e regulariza o tombamento do bem cultural nomeado Casa Antiga do Reverendíssimo Servo de Deus Padre Libério.
A partir dessa data, o imóvel localizado na rua Maestro Espíndola, 363, passa ser protegido oficialmente, não podendo ser destruído, mutilado ou sofrer intervenções sem prévia aprovação do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Pará de Minas.
A ideia é que o Município compre a casa e nela instale um espaço cultural que preserve e difunda a memória de Padre Libério. Os recursos para a aquisição estão sendo buscados pelo vereador Vinícius Alves.
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