Motorista de ônibus que pegou fogo perdeu salário e quase R$ 1 mil em remédios. Saiba mais detalhes

Estudantes que estavam no ônibus que pegou fogo na noite desta quinta-feira (13) na MG-431, próximo à entrada do bairro Padre Libério, em Pará de Minas, ainda estão assustados com o ocorrido.

No momento do incidente, havia 37 passageiros no veículo, todos alunos da Fapam, que estavam voltando para Papagaios. Além deles, também estava Felipe Gonçalves, o motorista, que teve uma perda financeira considerável.

Na tentativa de ajudar os alunos a saírem do ônibus em segurança e combater as chamas, Felipe deixou sua mochila dentro do veículo e viu o fogo destruí-la.

Nela, ele guardava cheques com o valor do seu salário, além de remédios (avaliados em cerca de R$ 800) de um tratamento de saúde que está fazendo.

“Começamos a desesperar”: Estudantes relatam como começou o fogo 

A reportagem do portaldivera.com recebeu relatos de três estudantes que estavam no ônibus no momento que as chamas começaram.

Segundo eles, houve um forte barulho logo na saída de Pará de Minas, e todos acharam que um pneu tinha estourado. Posteriormente, começaram a sentir cheiro de fumaça e perceberam faíscas vindas da parte de baixo do ônibus.

Quando os passageiros que estavam na parte da frente saíram, começaram a gritar para que os outros descessem rapidamente.

“Alguns alunos que tinham saído do ônibus começaram a gritar ‘gente, sai do ônibus, está pegando fogo’. Nós que estávamos no fundo começamos a desesperar para sair do ônibus porque não sabíamos se ele poderia explodir a qualquer momento”, disse Nayara Aparecida Correia da Silva, aluna do curso de Direito da Fapam.

Minutos após os passageiros saírem, o fogo tomou conta do ônibus, mesmo com as tentativas do motorista de combater as chamas com o extintor. Felizmente, ninguém se feriu.

Além dos pertences do condutor, outras pessoas também deixaram objetos pessoais dentro do ônibus, como mochilas, cadernos e até uma caixa de som. 

Boa parte dos passageiros voltou para Papagaios em um ônibus enviado pela prefeitura, outros foram de carona e alguns até em uma ambulância. 

“Não foi uma surpresa”, diz estudante

O incidente era um fato anunciado, segundo relatos dos passageiros. João Vitor Carvalho Costa, também aluno do curso de Direito, afirmou que não foi a primeira vez que o veículo apresentou problema.

“Não foi uma surpresa pra gente o ônibus estragar. O ônibus estraga direto, inclusive, na primeira semana de aula desse semestre, ele estragou”, desabafou.

“Desde o começo desse mês, a gente tem reclamado das condições de transporte. Infelizmente, parece que tem que acontecer uma tragédia para medida serem tomadas”, disse uma aluna do curto de Gestão de Tecnologia da Informação que preferiu não ter o nome divulgado.

“São ônibus antigos que diretamente estão em manutenção. Diretamente o ônibus está estragando com a gente na estrada. (...) Há pouco tempo atrás teve uma movimentação de todo mundo (alunos), reclamando sobre esse transporte que já está desgastado, já está com problema quase irreparável, e a gente está lutando pra ver se consegue novos ônibus”, destacou Nayara.

O que diz a Prefeitura de Papagaios

O transporte dos estudantes é ofertado pela Prefeitura de Papagaios. O portaldivera.com entrou em contato com o Município nesta sexta-feira (14) para buscar um posicionamento a respeito das reclamações dos alunos e outras informações sobre o incidente.

Até o momento, não tivemos retorno de uma nota ou entrevista, mas o espaço segue aberto para os esclarecimentos.

Fapam

Em nota, a Fapam manifestou solidariedade aos alunos afetados e informou que está em contato com todos os envolvidos para oferecer o suporte psicológico e jurídico necessários, por meio do SPA (Serviço de Psicologia Aplicada) e do NPJ (Núcleo de Práticas Jurídicas). 

“Esclarecemos que a apuração da causa do ocorrido, bem como as providências cabíveis, serão conduzidas pelas autoridades competentes, às quais a Instituição con¬a integralmente a devida investigação. Novas informações poderão ser divulgadas oportunamente, conforme o avanço das apurações”, disse a instituição.