A Doutora Melissa Fuentes falou pela primeira vez sobre o seu desligamento da UBS Recanto da Lagoa.
Em entrevista na noite desta terça-feira (11), a médica desabafou sobre o caso e questionou se a medida foi tomada por causa de sua postura em relação à cobrança de pagamento dos salários atrasados.
Dra. Melissa está no centro de uma polêmica envolvendo a comunidade e a Secretaria Municipal de Saúde justamente por causa da demissão dela da unidade em fevereiro.
Ela está entre os sete profissionais médicos desligados da secretaria em fevereiro. A decisão, porém, não agradou aos pacientes, que fizeram um abaixo-assinado de mais de 700 assinaturas e apresentaram à pasta, solicitando a permanência de Melissa na UBS.
A profissional, que é natural da Bolívia, estava atuando na unidade do Recanto da Lagoa há um ano e meio. Ela disse que a justificativa dada para sua demissão foi corte de gastos, mas questionou.
“Será que foi porque eu fui reclamar do pagamento (atraso salarial), representando os médicos? Eu fui pedir ajuda porque ninguém queria pedir por medo de perder o emprego”, desabafou a médica.
“Teve uma reunião com o secretário de Saúde, ele solicitou um representante dos médicos, fui eu. E na reunião eu questionei o pagamento, o salário atrasado dois meses. (...) Misteriosamente, duas semanas depois eu fui mandada embora”, completou.
Esta não é a primeira vez que a médica é desligada. Em setembro do ano passado, a secretaria, então sob o comando de Ana Clara Meytre, tomou a mesma decisão, alegando redução de gastos.
Na oportunidade, os pacientes fizeram um abaixo-assinado e colheram cerca de 200 assinaturas e conseguiram sensibilizar a pasta para a permanência de Melissa.
Na reunião dos vereadores desta terça (11), pacientes da UBS Recanto da Lagoa marcaram presença no plenário, assim como a Doutora Melissa, e criticaram a decisão da Secretaria de Saúde.
Eles aproveitaram a participação do secretário Gilberto Denoziro, que havia sido convocado para prestar esclarecimentos aos vereadores sobre outros assuntos relacionados à saúde, e tentaram uma última cartada na esperança de que a Doutora Melissa pudesse continuar.
Com faixa e o abaixo-assinado, eles questionaram o secretário se ele iria contra a vontade dos pacientes.
“E o povo, que direito que tem? O que vale a opinião do povo? Não tem direito nenhuma não? É do jeito que quer e pronto?”, questionou Sheila Penha Rodrigues de Morais, moradora do bairro e usuária da UBS.
“Quem usa a UBS sabe o quanto a Melissa trata bem os pacientes. Ela trata como se fosse uma pessoa conhecida de verdade, de dentro de casa. Nós encontramos com ela na rua, na padaria, no supermercado. Ela é moradora do bairro. Ela adotou Pará de Minas”, frisou Sheila.
Apesar do apelo dos moradores, reforçado pelos vereadores, o secretário de Saúde, Gilberto Denoziro, disse que a decisão está tomada.
Ele evitou entrar em detalhes sobre o caso, mas disse que a medida não foi política ou perseguição pessoal e que o desligamento foi motivado por critérios de avaliação, segundo indicadores de análise do Ministério da Saúde.
O secretário, contudo, não apresentou esses resultados.
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