Com média de 1 caso a cada 3 dias em Minas Gerais, o golpe do falso advogado virou um sério problema para os profissionais e um potencial risco para os clientes.
Neste golpe, o objetivo do criminoso é extorquir dinheiro da vítima. O golpista se passa pelo advogado ou representante do escritório de advocacia e entra em contato, via WhatsApp, com algum cliente que está com um processo em andamento.
Durante a conversa, ele diz que a pessoa ganhou a causa e, consequentemente, o valor estabelecido dela, mas, para haver a liberação do dinheiro, a vítima tem de pagar uma “taxa”.
Com uma linha de atuação profissional e apresentação de dados que constam no processo, os golpistas passam credibilidade, ganham a confiança do cliente e conseguem ter êxito no crime.
“No WhatsApp, eles colocam foto de perfil e todos os dados pessoais meu (advogado) e a partir daí eles começam a se passar por mim ou algum outro membro da equipe”, disse Wagner Lúcio Lopes, advogado previdenciário que teve mais de 20 clientes abordados pelos golpistas.
Segundo Wagner Lopes, os criminosos conseguem dados dos clientes e advogados em processos que são públicos, o que facilita a ação.
“Eles (golpistas) informam que existe um bloqueio de valores ou retenção de imposto de renda e que a pessoa precisa fazer um depósito para fazer a liberação. Geralmente, gira em torno de R$ 2 mil esse valor que é pedido para fazer liberação. Eles encaminham uma chave pix e a pessoa realiza esse depósito”, explicou o advogado.
“Dois casos do escritório, infelizmente, acabaram se concretizando. As pessoas caíram no golpe e perderam R$ 2 mil cada uma”, lamentou.
Wagner Lúcio Lopes fez um boletim de ocorrência e uma representação na Polícia Civil para a abertura de inquérito para investigar os casos.
Ele, porém, admite que é muito difícil rastrear e localizar os golpistas, pois eles utilizam dados de terceiros e trocam constantemente os chips de telefone para dificultar o cerco.
Em 2024, a ouvidoria da OAB-MG recebeu 135 denúncias do golpe, uma média de 1 a cada 3 dias.
Diante da crescente desses números e do risco que essa situação envolve para advogados e clientes, a OAB-MG fez uma representação no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para solicitar que seja instaurada investigação para apuração, identificação dos responsáveis e a adoção de medidas cabíveis.
A OAB-MG ainda criou um grupo de trabalho om o objetivo de enfrentar esses golpes que trazem prejuízos para a advocacia e para a sociedade.
Sempre que receber uma mensagem de um número suspeito, diferente do contato de seu advogado, a orientação é buscar informações diretamente com o profissional, seja através de ligação telefônica ou mesmo pessoalmente.
A vítima também pode realizar um boletim de ocorrência e fornecer dados à Polícia Civil, como prints da conversa.
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